Ainda celebrando os 288 anos de Florianópolis, o ERRO Grupo presenteia a cidade com a colocação de um busto na praça XV de Novembro. A obra chama-se Bustox, faz parte da exposição ERRO EX POSTO, e traz à tona o descaso com a memória e a necessidade de se levar vantagem sem medir danos – reais ou simbólicos – com a propalada “preservação do patrimônio cultural material e imaterial”. Em agosto do ano passado, quatro bustos de bronze que homenageavam Jerônimo Coelho, José Boiteux, Victor Meirelles e Cruz e Souza foram furtados da principal Praça do Centro da Capital. A falta só foi percebida duas semanas após o ocorrido e o caso não foi solucionado pela polícia até hoje.

O trabalho Bustox também pretende questionar as novas personalidades históricas freqüentemente homenageadas (seja pela mídia ou em formais solenidades) por suas ações e benfeitorias pouco questionadas. O busto idealizado pelo ERRO tomou corpo nas mãos do artista Gustavo Tirelli, que desenvolve pesquisas sobre queimas cerâmicas, construção de fornos e construção de instrumentos sonoros a partir da cerâmica.

13 anos de ERRO Grupo

Em março o ERRO Grupo também completou 13 anos de teatro de rua e intervenções urbanas com a exposição ERRO EX POSTO. Neste mês, o coletivo programou uma séria de ações. Entre elas, um carro de som que circula todas as sextas-feiras pelas principais ruas do Centro da Capital. A intervenção urbana, nomeada de ECO, veicula uma gravação em áudio de 30 minutos com fragmentos da peça Buzkashi, encenada pelo grupo desde 2004. O texto trata de crise econômica e guerra e, segundo os integrantes do coletivo, o tema está mais atual do que nunca.

Outra ação, intitulada Teatro Invisível, convidou quatro moradores e ex-moradores de rua a vestir os figurinos da peça Carga Viva, encenada pelo ERRO Grupo desde 2002. São macacões azuis, típicos de operários. Os moradores de rua podem usar o macacão a hora que quiserem, tendo como único compromisso ser fotografados pelos integrantes do ERRO uma vez ao dia no espaço expositivo e nos arredores do prédio da exposição até meados de abril. Uma das ideias da ação é questionar a invisibilidade de certos setores da sociedade e suas possibilidades de presença. Outro objetivo da ação é observar o desgaste, tanto do figurino, quanto do acordo verbal firmado entre o ERRO Grupo e os moradores de rua. Qual será o estado dos macacões até o final da ação e quantos ainda farão parte do Teatro Invisível até abril são algumas questões levantadas pelo coletivo artístico. Por essa razão, os registros fotográficos são feitos diariamente.

No dia 1º de abril, o Cofre Público será colocado na esquina da Trajano com a Felipe Schmidt. O cofre não tem dono e é de todos e não pode ser de uma pessoa só. Observar as diferentes reações do público faz parte da proposta dessa intervenção urbana.

E até o dia 18 de abril, a exposição ERRO EX POSTO – Exposição de 12 anos dos trabalhos do ERRO Grupo pode ser conferida  no Memorial Meyer Filho, na Praça XV de Novembro, nº 180, esquina com Rua Tiradentes, Centro de Florianópolis. Visitação de segunda a sexta-feira, das 13h às 19h. Projeto vencedor do Prêmio Elisabete Anderle 2013, a exposição traz materiais utilizados em peças de teatro e intervenções, como figurinos e objetos de cena, documentos que revelam a burocracia necessária para apresentações de rua, além de uma instalação sonora. Porém, a exposição vai além do registro histórico. As obras e ações apresentadas passaram por diversos processos de resignificação e deslocamento, dentro e fora do espaço expositivo, propondo novas reflexões.

Bustox
QUANDO: sexta-feira, dia 28 de março de 2014
HORA: 15hrs
ONDE: Pedestais dos bustos furtados, Praça XV de Novembro, Centro de Florianópolis
QUANTO: Gratuito

ERRO EX POSTO – Exposição de 12 anos dos trabalhos do ERRO GRUPO
QUANDO: de segunda a sexta até 18 de abril de 2014
HORA: das 13h às 19h
ONDE: Memorial Meyer Filho, Praça XV de Novembro, nº 180, esquina com Rua Tiradentes, Centro de Florianópolis
QUANTO: Gratuito